Pode até parecer um assunto já batido, porém ainda gera muita discórdia e a minha intenção é tentar ser mais completo, mostrando exemplos de profissionais, fotos de vários ângulos para cada tipo de pegada com suas variações e implicações biomecânicas e táticas. Ou seja, tentar não deixá-los com dúvidas, ou quase sem.
Enfim, mesmo com toda essas informações, sei que haverá alguns que discordarão, mas espero que os mesmos tenham argumentos e provas para podermos discutir da melhor forma possível.
Peço para que leiam e releiam com calma, ou leiam poucos golpes de cada vez.
Grande Abraço,
Gesner Menegucci
Não consegue imprimir efeitos?
Imprime muito efeito e não consegue golpear uma bola mais plana?
Não tem controle no seu slice?
Sua bola sobe muito?
Fica curta?
Tem dificuldade em rebater bolas altas ou baixas?
Se a resposta é sim para alguma dessas perguntas então seu problema pode estar na empunhadura (pegada ou grip) de seus golpes.
Com este guia repleto de informações, figuras e fotos você vai saber quais as pegadas mais indicadas para cada golpe. Irei abordar um pouco de implicações biomecânicas e táticas para que você possa crer que este é um dos artigos mais completos já feitos sobre esse assunto que divide tantas opiniões entre treinadores, professores, atletas, pais e torcedores desta modalidade.
Como encontrar cada empunhadura
O primeiro passo é olharmos o cabo da raquete por baixo, aí verificamos que seu formato é um polígono de oito lados (ver figura abaixo). Vamos marcar o lado do topo como o lado número 1. Depois, em sentido horário, seguir a sequência dos números até o 8, onde termina a volta.
Para os canhotos é só fazer a inversão.
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É importante lembrar que a mão deverá ficar no fim do cabo para utilizarmos toda a extensão da raquete. E o dedo indicador fica posicionado um pouco mais afastado dos outros, como se houvesse um gatilho de uma arma (ver figura 2 e 3).
Mas por quê?
Porque com esse posicionamento teremos um grau de liberdade maior para a articulação do punho, facilitando a manuseabilidade da raquete.
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Saque - Smash (Overhead)
Empunhadura: Continental
Posicionamento: Base do dedo indicador situada no lado 2 e base do V metacarpo no lado 1
Como achar:
Imagine que vamos segurar um martelo ao pegar no cabo.
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Há também a denominação BETWEEN (ENTRE em português), que é quando a base do dedo indicador se encontra bem no meio de dois lados. Portanto, o nome mais adequado será Between + o nome de duas empunhaduras. Algumas vezes não conseguimos distinguir, aí fica a critério de cada um.
Saque:
Entre os grandes sacadores e a maioria absoluta dos profissionais, a empunhadura continental é uma unanimidade.
Com esse grip podemos sacar uma bola bem plana ou com muito efeito.
Esta pegada permite um grau de liberdade muito maior para:
- a utilização da abdução do punho (fotos 1 e 2), que é o movimento responsável pelo efeito durante o contato e;
- pronação do antebraço (fotos 3 e 4), um dos movimentos do membro superior responsável pela potência do saque.
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Obs: Se utilizarmos a pegada eastern de forehand (ver forehand) não teremos o mesmo grau de liberdade do punho para efetuar o efeito. Já se utilizarmos uma empunhadura mais próxima da eastern de backhand (ver backhand) não conseguiremos bater uma bola mais plana.
Smash ou Overhead:
O smash é um golpe muito parecido com o saque. Utiliza-se uma mecânica parecida, porém a grande diferença é que a bola já está em jogo.
Portanto, para este golpe o mais adequado é usar a empunhadura continental seguindo a mesma dica que foi dita no saque.
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Forehand Slice e Backhand Slice
Voleios de Forehand e Backhand
Empunhadura: Continental
Idem ao saque e smash.
Para estes golpes utilizamos o efeito underspin que é mais conhecido como slice.
Para efetuarmos esse efeito, temos que tocar a bola em sua porção inferior (das "costas" para baixo), fazendo ela girar de cima para baixo (olhando por trás - ver figura 4).
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A empunhadura continental é a mais indicada para realizar este efeito, já que ela proporciona ao golpe, um ângulo de contato mais "aberto", ou seja, se mantivermos a técnica adequada de cada um, mais o punho estendido para travar o golpe (maior controle) no momento em que tocarmos na bola, o ângulo entre a face da raquete e o chão será maior do que 90 graus, e quando isso ocorre denominamos de ângulo "aberto" ( foto 5).
Resumindo, se este grip é o mais indicado na geração deste efeito, então é o mais adequado para todos estes golpes.
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continental
Forehand Slice: clique na imagem para ampliar
Obs:
Por quê a continental predomina nos golpes de rede?
Porque além de proporcionar maior controle sobre a raquete para tais golpes, quanto mais mais perto da rede chegarmos, mais próximo do jogador adversário estaremos, e com isso a bola tende a chegar mais rápido para golpearmos, diminuindo nosso tempo de resposta. E com apenas uma empunhadura estaremos em prontidão para uma resposta rápida em qualquer golpe. A troca de empunhadura fica difícil numa bola que vem rápido à uma distância curta.
Forehand ou Drive
Neste golpe podemos utilizar o efeito topspin para um maior controle ou golpear uma bola mais plana para atacar o adversário.
Para efetuarmos o efeito topspin de forehand, temos que tocar a bola em sua porção superior (das "costas" para cima) à partir da pronação do antebraço, fazendo ela girar de baixo para cima (olhando por trás - ver figura abaixo).
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As empunhaduras eastern e semi-western permitem um maior controle, firmeza e equilíbrio entre esses dois tipos de rebatidas. Elas facilitam a manutenção da extensão do punho durante o contato de bolas altas, médias e baixas, sem que afete o "fechamento" do ângulo da face da raquete. Ângulo "fechado" é quando a face da raquete e o chão formam um ângulo menor do que 90 graus (ver fotos 6 e 7).
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Empunhadura: Eastern
Posicionamento: Base do dedo indicador situada no lado 3 e a base do V metacarpo no lado 2 ou 3 (lado + utilizado atualmente).
Como achar:
Imagina que vamos dar uma aperto de mão ao pegar no cabo (cumprimento).
Relação efeito/plano: +/- efeito e + plano
Relação Altura de contato/Firmeza para golpear:
Bola alta: +/-
Bola média: +
Bola baixa: +
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Há também as BETWEEN. Algumas vezes não conseguimos distinguir, aí fica a critério de cada um.
Empunhadura: Semi-western
Posicionamento: Base do dedo indicador situada no lado 4 e a base do V metacarpo no lado 3 ou 4.
Como achar: deite a raquete no chão e a pegue.
Relação efeito/plano = + efeito e + plano
Relação Altura de contato/firmeza para golpear:
Bola Alta: +
Bola média: +
Bola baixa: +
Por ser mais versátil, é atualmente o grip mais utilizado entre os profissionais , principalmente no feminino.
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Há também as BETWEEN. Algumas vezes não conseguimos distinguir, aí fica a critério de cada um.
Empunhadura: Western
Posicionamento: Base do dedo indicador situada no lado 5 e a base do V metacarpo no lado 4 ou 5.
Relação efeito/plano = + efeito e - plano
Relação Altura de contato/firmeza para golpear:
Bola Alta: +
Bola média: +/-
Bola baixa: -
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A dificuldade em bolas baixas se deve ao "fechamento" excessivo da face. Com isso terá que fazer força extra, ou mesmo soltar um pouco mais o punho para não "fechar" muito o ângulo e conseguir empurrar o contato mais à frente, já que a tendência é só "raspar" a bola. A consequência disso é a perda de controle do golpe.
Outro motivo para a falta de controle está na firmeza que o grip apresenta. Ao olharmos as fotos abaixo, vemos que a palma da mão e o punho ficam abaixo do cabo (ver foto 8), enquanto a eastern e a semi-western ficam atrás (ver fotos 6 e 7). Isso quer dizer que no momento de contato não teremos a mesma firmeza, já que a força de preensão no cabo se concentrará na mão, ficando sem o apoio da palma da mão e do punho por trás.
Alguns profissionais utilizam esse grip. É óbvio que com muito treino pode-se adquirir uma bola pesada com muito efeito, porém nota-se a falta de uma bola de ataque mais decisiva (com menos efeito) entre esses jogadores.
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western
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Obs: Se utilizarmos a continental para golpearmos um forehand com topspin ou uma bola mais alta, teremos que hiperestender o punho para "fechar" o ângulo de contato, o que pode ocasionar uma lesão na articulação com a repetição excessiva.
Backhand ou Revés uma mão
Assim como o forehand, o backhand de uma mão também é um golpe de fundo de quadra que se utiliza muito do topspin e de bolas planas no jogo atual. Portanto, o mesmo que foi dito sobre o topspin no forehand (ver sobre figura 5), vale para o backhand de uma mão, apenas trocando a pronação por supinação do antebraço para gerar o efeito.
Quanto à indicação das empunhaduras, com certeza a semi-western apresenta mais pontos positivos, porém quanto às outras, fica difícil não indicar por se tratar de empunhaduras de grandes campeões que jogaram há pouco tempo ou ainda jogam e tiveram em seus backhands, grandes armas dentro do jogo.
Empunhadura: Eastern de backhand
Posicionamento: Base do dedo indicador situada no lado 2 e a base do V metacarpo entre os lados 1 e 8.
Como achar:
Imagine que está segurando um guidão de uma moto ou bicicleta.
Relação efeito/plano = +/- efeito e + plano
Relação Altura de contato/firmeza para golpear:
Bola Alta: -
Bola média: +/-
Bola baixa: +
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Para amadores que não terão o mesmo tempo de treinamento que esses jogadores tiveram, não seria a melhor opção, já que essa falta de firmeza, pode acarretar no uso de uma extensão e abdução do punho indevida (famoso "tapa") para empurrar a bola. E com sua repetição excessiva, certamente uma lesão poderá acontecer.
Obs: Esse motivo não é o único causador de lesões! Há outras questões técnicas que não vêm ao caso.
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eastern de backhand
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Obs: Pode ocorrer pequenas variações. A base do dedo indicador pode estar milimetricamente mais próximo do lado 1, e a base do V metacarpo mais próxima do 8, porém mantendo a característica da eastern de backhand.
Há também as BETWEEN. Algumas vezes não conseguimos distinguir, aí fica a critério de cada um.
Empunhadura: Semi-western de backhand
Posicionamento: Base do dedo indicador situada no lado 1 e a base do V metacarpo no lado 8
Como achar:
Idem a eastern de backhand, só que deixe o punho um pouco mais atrás do "guidão" (cabo).
Ou idem a western de forehand, só que inverte o lado de contato da face da raquete.
Relação efeito/plano = + efeito e + plano
Relação Altura de contato/firmeza para golpear:
Bola Alta: +
Bola média: +
Bola baixa: +
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Apresenta boa firmeza, já que o punho fica estendido e atrás do cabo durante o "fechamento" da face da raquete (ver foto 10). Essa mesma "fechada" não é excessiva, o que ajuda no contato de bolas baixas e ao rebater bolas mais planas.
Com certeza é a mais indicada para todos os níveis.
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semi-western de backhand
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Há também as BETWEEN. Algumas vezes não conseguimos distinguir, aí fica a critério de cada um.
Empunhadura: western de backhand
Posicionamento: Base do dedo indicador situada no lado 8 e a base do V metacarpo no lado 7
Como achar:
Idem a eastern e semi-western de backhand, só que deixe o punho bem atrás do "guidão" (cabo).
Ou idem a semi-western de forehand , só que inverte o lado de contato da face da raquete.
Relação efeito/plano = + efeito e +/- plano
Relação Altura de contato/firmeza para golpear:
Bola Alta: +
Bola média: +
Bola baixa: -
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- golpear bolas baixas: Ângulo fica muito "fechado", ou seja, tem que forçar bastante para elevar a bola.
- golpear bola plana: Também devido ao ângulo "fechado", a tendência é que a raquete "raspe" muito a bola, ou seja, sempre batendo com muito efeito.
Óbvio que com muito treino pode-se adquirir bons golpes dessa forma.
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western de backhand
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Obs: Pode ocorrer pequenas variações. A base do dedo indicador pode estar milimetricamente mais próximo do lado 7 ou 1 predominando maior parte dentro do lado 8, mantendo a característica da western de backhand.
Há também as BETWEEN. Algumas vezes não conseguimos distinguir, aí fica a critério de cada um.
Backhand ou Revés duas mãos
Assim como o forehand e o backhand de uma mão, o de duas mãos também é um golpe de fundo que se utiliza do topspin e de bolas planas no jogo de hoje. Portanto, o mesmo que foi dito sobre o topspin em ambos os golpes (ver sobre figura 5), vale para o backhand de duas mãos, só que agora é o braço não dominante (braço esquerdo de destros) que realiza a pronação do antebraço para gerar o efeito.
Eu gosto de afirmar que o backhand de duas mãos é a cópia do forehand. O braço não dominante é quem domina o movimento, só que como não temos força o suficiente neste membro, precisamos da ajuda do outro braço.
Indico a pegada continental para servir de base para o braço dominante (direito de destros). Por isso vamos focar nas duas principais pegadas do membro que domina o golpe. São elas eastern de forehand (invertida) e semi-western de forehand (invertida). Sendo assim, o mesmo que foi dito no forehand, serve exatamente da mesma forma para o backhand de duas mãos.
Quanto à outras pegadas vou fazer um breve comentário.
Empunhadura: continental
Idem ao saque, smash, voleios e slices.
Servirá de base para os dois tipos de pegada!
A continental no membro dominante é mais indicada porque facilita o domínio do membro não dominante (maior grau de liberdade do punho), e também agiliza no momento de efetuar um slice, porque basta soltar a mão não dominante e já estará pronto para fazer o outro golpe.
Empunhadura: eastern de forehand (invertida)
Posicionamento: Base do dedo indicador situada no lado 7 e base do V metacarpo no lado 8. Pode haver milimétricas variações.
Como achar: idem a eastern de forehand, apenas invertendo os lados.
Relação efeito/plano = +/- efeito e + plano
Relação Altura de contato/firmeza para golpear:
Bola Alta: +
Bola média: +
Bola baixa: +
No golpe de duas mãos, normalmente não se encontra dificuldade para golpear bolas altas, pelo fato de haver duas mãos para dar firmeza ao golpe.
Quanto aos comentários dos outros fatores, é igual a eastern forehand.
Essa forma de segurar aparece mais no tênis masculino do que no feminino.
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Empunhadura: semi-western de forehand (invertida)
Posicionamento: Base do dedo indicador situada no lado 6 e base do V metacarpo no lado 7. Pode haver milimétricas variações.
Como achar: idem a semi-western de forehand, apenas invertendo os lados.
Relação efeito/plano = + efeito e + plano
Relação Altura de contato/firmeza para golpear:
Bola Alta: +
Bola média: +
Bola baixa: +
Idem ao forehand.
Essa forma de segurar o cabo predomina no tênis feminino.
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Outras empunhaduras:
No circuito profissional é muito difícil encontrar outros tipos de empunhadura para o backhand de duas mãos, porém no nível amador e juvenil pode aparecer um pouco mais. São elas:
- continental x continental ou western forehand (invertida)
- eastern de backhand x eastern, semi-western ou western de forehand (invertida)
- semiwestern de backhand x semi-western ou western de forehand (invertida)
- eastern de forehand x eastern, semi-western ou western de forehand (invertida)
A dica é: EVITE-AS! Pelo simples fato que qualquer uma dessas combinações acarretam em conflitos no domínio do golpe.
Dicas Finais:
É importante ressaltar que muitos praticantes, sejam eles amadores, juvenis e até profissionais, não sabem a empunhadura que utilizam.
Faça um teste:
Primeiro pergunte e peça para a pessoa mostrar qual é sua empunhadura para rebater um forehand. Logo após veja ela rebater. Talvez ela mostre um tipo de pegada quando você perguntou e quando rebate pode aparecer outra.
Ok, ficou com dúvida?
Então outra dica é:
Brinque de estátua com ela. Peça para que congele o movimento um pouco antes do contato ou mesmo durante. Agora veja se é a mesma.
Por quê pode acontecer isso?
Já notei no decorrer dos anos muitas pessoas com esse "problema", e uma forma de provar à elas seria essa (vídeo também). O que normalmente acontece é que durante a fase de armação de algum golpe, a pessoa sem perceber gira a empunhadura para bater dentro de sua confortabilidade. Um dos motivos para que isso aconteça é a falta de atenção dos professores, que ao início das aulas ensinam a forma de segurar, porém com o tempo já nem notam mais o que o aluno faz.
Por Gesner Menegucci
Treinador, professor e preparador físico
Formado em Esporte na USP
Coach Sanchez-Casal - Espanha
Coach Bollettieri Tennis Academy - EUA